Saturday, January 19, 2008

3:00 PM

Domingo, Janeiro 22, 2006

Que viagem intemporal nos espera desde que parte de mim cortou a corda?
Correndo o risco de confusões no membro cardíaco; provavelmente induzindo a uma deturpação da individualidade a alcançar; falhando o alvo, confesso-te: perdi-me do caminho.
Segundo dogmas associados, expresso assim, outra vez, todos os toques, todas as palavras; seja o que for que alimente esta chama intensa.
Todos os pensamentos que partilhámos, os bocados de alma que me deste não se esvanecem, porque quando as quedas se sucedem sei que o teu mundo, bem desconhecido por todos, espera pela ousadia do meu ego, para questionar a sua razão.
(Sempre soube quem tu és)
Pensando nas derrotas inflamadas; lambendo feridas que não saram nem cessam; olhando para um céu pintado de nuvens de um sangue púrpura, remetemo-nos àquilo que supostamente sonhámos.
Para sempre, e até ao dia de hoje, lembrei-me de ti. Só porque sim.

Segunda-feira, Janeiro 22, 2007

Como é que a realidade se metamorfoseou em memórias?
Por perto, por enquanto, o ceptro cardíaco aguarda sabendo que desta vez não se enganou.
Porque quando dói é a tua reminiscência que eu inspiro. E eu sei, só, como não parou de doer tanto.
Soube dizer que não sabia quando não queria dizer mais nada, e depois acrescentar que só a ti eu soube dizer tudo.
(Sempre soubeste quem eu sou)
Ia pedir desculpa porque não tentei lutar por ti, mas depois arrependi-me.
Enquanto não passa nem sara eu não sigo nem digo.
Ainda assim espero, a cada dia, beijar na tua boca, as palavras mudas que não disse a mais ninguém.
Hoje, como sempre, lembrei-me.



Terça-feira, Janeiro 22, 2008

Doeu como teria sido sempre num amor tão grande que exalava desprezo de si mesmo
Iludi as certezas de que era minha – e era – porque quis, não soube. Só isso.
Não foi assim tão importante, apenas especial.
Iria fingir os murmúrios do pôr do Sol, dizer «amo-te» e ignorar todo o sentido que isso tivesse. Dizer apenas por dizer, como se não fosse de propósito. Talvez tenha mentido, mas não o fiz consciente.
Se tivesse que me lembrar de um nome para um exemplo de falta de coragem e porventura me esquecesse do meu, era o dela que diria. Para quê realizar as suas promessas amargas e redefinir os seus olhos para, no auge da solidão, remarcar a emoção no telemóvel, esperar que o sentido falhasse? Talvez aguardar a sua resposta para depois, num acto tristemente arrogante, rejeitar a chamada da paixão: coração ocupado.
Já não importava. Ia ficar por aqui a tossir o fumo de ontem à noite. Dóia-me a cabeça e a consciência: a ressaca é sempre forte demais, exactamente como acordei todos os dias.
Ainda tinha na boca o sabor a hélio daquele beijo de etér do significado de uma paixão que se pode classificar como gasosa.
Tomei o pequeno almoço como mandam as leis: um Gin Tónico e dois cigarros, um lento antes, outro mais lento depois. Bebi um café estranho e seco com mais açúcar do que tamanho. Fumei mais um cigarro de fumo a bater na cara e voltei a deitar-me preguiçoso. Tentei ter orgulho no desdém mas a dor de cabeça lembrou-me em sonhar com ela outra vez, vezes e vezes.
Maldita ressaca.
Tentei perceber aquela paixão de fantasma, o rodízio de sensações, a poesia sem palavras nem virgulas, a ditadura dos pontos finais e toda a pontuação da frase mais pequena de gostar dela mas foi tarde demais. O fatalismo aceso do romance confiscado é a lei do non-sense e do esplendor que na verdade nunca vi nela.
Dizem que Paris é a cidade-luz, mas de luminosidade só lhe conheci o luar até se lhe apagarem os olhos quando ainda estava ao meu lado